sábado, setembro 02, 2006

(em)pilhagem


(em)pilhagem

Brechós, sebos, revendas de vale-transporte, CDs piratas, ambulantes vendendo vinis em calçadas, cópias de livros para fins didáticos, festinhas com vendas de cerveja entre amigos, camisas e bolsas com elementos artísticos... têm sido práticas constantes no centro urbano do Recife. Todas elas como forma alternativa de geração de renda, algumas criminosas e outras apenas na clandestinidade ou informalidade.
A (em)pilhagem é um evento onde reunirá tudo isto, concentrando em dias de domingos e feriados todo este lado obscuro e subversivo da cidade, amontoando as pessoas e seus objetos a venda, sejam estes de estimação (!) sejam objetos feitos com carinho, sejam roubados da família, sejam comprados em feira-livres e depois superfaturados! Tudo é válido neste mundo contraditório de consumo e desemprego.

Difícil é rotular o evento, mas os produtores (que preferem ser chamado de bando: Cristiane Mergulhão, Mozart Trazom, Cláudia Holanda e Evandro Q?) arriscam chamá-lo de uma quase-zona-quase-autônoma-quase-temporária, criando uma instalação que reproduz a parte mais obscura do comércio das ruas do Recife para dentro de um mesmo local (criando assim uma espécie de shopping dos excluídos - nada mal para uma proposta que terá sua primeira edição ao término do Grito dos Excluídos), onde neste contexto comércio/artista e público/cliente passam a ser autores e elementos da própria obra.

Partindo da idéia de Evandro abrir um bar (o mais musical possível) e que fosse também um sebo, somado à idéia de Cláudia e Cris de abrirem um brechó que servisse também enquanto ateliê e de Mozart em expor sua arte de luminárias e pinturas, é que surgiu a (em)pilhagem que além de tudo também potencializa a campanha “Evandro abra um bar” (expressa em comunidade homônima do Orkut criada pela produtora Enaile Lima).

Nos dias 7 e 10 de setembro teremos as primeiras edições com:

· Exposição e venda de roupas, livros, revistas, bijuterias, sapatos, discos de vinil, CDs e DVDs, leilão de vale-transportes e materiais pirateados apreendidos. Tudo isto através da participação de vendedores ambulantes e camelôs.

· Exposição dos artistas Enedina Holanda e Daniela Dubeux (escultura), Mozart Trazom (instalação e pintura), Anaíra Mahim (desenho), Nijian e Magolombra. (serigrafia), Cláudia Rangel (fotografia), Lilly Marlen (bolsas).

· Apresentações de Missão Oriunda do Caos (dia 7) e Hrönir (dia 10) , discotecagem de Evandro Q? e rádio-pirata FM de Paulinho do Amparo.

· Lançamento do Livro Psiconáutica do escritor e jornalista Trelles (dia 7 com autógrafos do autor).

Além de tudo isso o local desta intervenção sócio-artística oferecerá oficina relâmpago de modelagem durante a (em)pilhagem.

Informações adicionais:
(em)pilhagem - Em Latim, PILA queria dizer "barreira de pedra". Estendeu-se ao significado de "massa, amontoado, coisas colocadas umas sobre as outras", dando a nossa "pilha" atual de objetos.Como quando o pessoal daquelas épocas (agora também, quando não cabem na cueca...) amontoava as coisas saqueadas dos outros para carregar, acabou surgindo o verbo "pilhar" como sinônimo de "roubar". A "pilha" das nossas lanternas se chama assim por ser composta de elementos colocados em coluna. "Empilhagem" é simplesmente o ato de colocar coisas umas sobre as outras. "Pilhagem" é o ato de saquear.

PSICONÁUTICA - É o primeiro livro, propriamente dito, publicado por TRELLES, apelido e nome artístico do poeta, jornalista e mestrando em teoria literária (dentre outras coisas) André Telles. O livro, com duas capas, traz na verdade duas compilações de poemas do autor: NASCEDUTO (existencial e lírico: parto, fluxo ininterrupto, de sensações - Origens) e ALUMINUXÚRIA (metalingüístico e reichiano; a língua: corpo aberto - e o sexo: poesia - Destinos). A programação visual e a capa são do designer e artista plástico Márcio Shimabukuro. PSICONÁUTICA, 100 pgs, 10 x 16 cm, edição do autor.

MOC (Missão Oriunda do Caos) – Inicialmente um projeto musical desenvolvido por um grupo de ativistas na área da cultura e comunicação (Canal M), tornou-se uma banda independente utilizando a expressão jazzística somada aos timbres do rock e da música regional para exorcizar os maus espíritos musicais que rondam nos eventos dos movimentos sociais... Já fizeram seu show de exorcismo musical na Conferência Estadual de Juventude, Fórum Social Nordestino e Mercocidades (em Santo André). Tentou exorcizar os maus espíritos também no bar Garagem mas, segundo seus integrantes, sem muito sucesso... tentará de tudo nesta Pilhagem após o desfile cívico em comemoração da Independência Nacional e o Grito dos Excluídos. Formação: Romildo Medeiros (contrabaixo), Paulinho do Amparo (teclados) e Johann Brehmer (bateria).

Hrönir – Um projeto bem difícil de definir realizado por Thelmo Cristovam e Túlio Falcão expresso através de apresentações e gravações onde o som é pretensiosamente modelado na sua plena plasticidade. Free Jazz, música ambiente, experimentalismos sonoros, improvisos e dissonâncias são elementos marcantes na intervenção sonora produzida pelos seus integrantes e (algumas vezes) seus convidados. O Hrönir expressam seu trabalho eletro-acústico utilizando-se de alguns instrumentos (sax, flauta, violino) e de sintetizador, toca-discos (turntables), rádios, computador, oscilador (sine wave generator), softwares de áudio para tratamentos, microfones de contato feitos em casa, vozes e urros, captações de campo (field recordings) como: vento, animais, trânsito, chuva; objetos de madeira, metal e plástico.

Evandro Q? – Ativista político e produtor “cultural underground” local, um dos articuladores iniciais do Movimento Cultural Boca do Lixo de Peixinhos, compositor e vocalista da lendária banda de distorções de guitarras e microfonias Garapa Nervosa, realizador de intervenções musicais pouco aceitáveis (de festivais de hard-core a audições de freez jazz em bares caretas), criador e antigo DJ do Bar Garagem. Desta vez Evandro Q?, um dos idealizadores da (em)pilhagem, colocará seu arsenal eclético musical para tocar separando-os apenas em dois momentos (das 15 às 19 horas músicas não dançantes e depois das 20 horas só música para sacudir os esqueletos). Em sua coleção teremos Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros, Pat Metheny, Ernesto Nazareth, Miles Davis, Kraftwerk, Plebe Rude, Bauhaus, Metrô, 3 Hombres, Jards Macalé, Grilowsky, Arrigo Barnabé, The Clash, Os Caçulas, Casa das Máquinas, Nina Simone, Patife, Hermeto Pascoal, Pixies, Sérgio Mendes, Deep Purple, Funziona Senza Vapore, Walter Queiroz, Claudia, Derviche, Pexbaa, Sonic Youth, Beto Guedes...

Serviço: (em)pilhagem.
Local: Ateliê Portal da Arte.
Rua José de Alencar, 636. Boa Vista. Recife.
Horário: das 15 às 23 horas
Contatos: 8876-3719 (Cláudia) / 8857-4886 ( Cris)

6 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom tudo. E aí? Sucesso? Você tem que abrir um bar e é logo. Você sabe disso.

Mariana Mesquita disse...

E aí, menino? Gostei da quinta, como foi o domingo? Da noticia. Cheiro!

Mariana Mesquita disse...

E aí, menino? Gostei da quinta, como foi o domingo? Da noticia. Cheiro!

Evandro Q? disse...

Ah, Mariana de meu coração... eu preciso mesmo abrir um bar...mas antes tenho que garantir minha sobrevivência...

No domingo foi arrasador... a apresentação do Hrönir foi uma coisa espetacular, linda mesmo, inesquecível...

Obrigado por vc ter ido!

Evandro Q? disse...

Anônimo: eu tenho mesmo que abrir um bar... agradeço um financiamento. Rsrsrsrs.

Anônimo disse...

anonimo sou eu evandro, mana... sobre financiamento tu sabe que estou lascada, mas ainda sonho, e tô querendo que se torne realidade, pois "sonho que se sonha junto é realidade"
beijos